O professor Ciro Winckler destacou a importância do paradesporto em Santa Catarina, uma vez que 6% da população, quase 500 mil pessoas, têm algum tipo de deficiência. O dado foi apresentado no Seminário de Gestores e Técnicos Esportivos, que acontece na Alesc nesta quinta-feira (27).
“Apesar de Santa Catarina ter 499 mil pessoas com deficiência, muitos municípios não desenvolvem nenhuma ação esportiva. Hoje o total de matrículas na educação especial é de 67 mil crianças, mas a educação especial vai até os 18 anos e depois, vão para aonde? Como a gente trabalha com isso?”, questionou Winckler.
O especialista chamou a atenção para a possibilidade de financiamento dessas atividades, seja através de projetos via leis de incentivos, ou com a parceria de instituições, como a Escola do Ministério Público do Trabalho.
O professor defendeu um modelo de desenvolvimento paradesportivo que privilegie brincadeiras com diferentes modalidades antes de estimular a criança ou o adolescente para o alto rendimento e a excelência desportiva.
Neste modelo, o importante é a estimulação inicial, experimentar modalidades novas e brincar; e continuar brincando para aprender. A partir do aprendizado é possível começar o treinamento visando o alto rendimento e as competições; com as competições vêm as vitórias e, com as vitórias, vêm a inspiração para outros praticarem esportes.
“Estamos falando de políticas públicas para gestores e treinadores: e eu, gestor, treinador, consigo observar este processo no meu município?”, perguntou Winckler, que ressaltou a variedade de opções disponíveis, uma vez que o desporto paralímpico engloba 89 modalidades e 201 variações.
Escola nacional de treinadores
O presidente da Federação Catarinense de Basquetebol, Sergio Corrêa, e dirigente do Instituto Basquete Brasil (IBB) apresentou aos participantes do Seminário de Gestores e Técnicos Desportivos o curso de formação de treinadores de basquete.
“As universidades têm limite, não formam treinadores, então estamos fazendo isso através das federações”, revelou o dirigente, explicando em seguida que também há disponibilidade de cursos de arbitragem, preparação física e basquete escolar.
“O IBB tem 12 mil alunos ativos”, revelou Sérgio.
A experiência do técnico de futsal
Marcos Xavier de Andrade, técnico da Seleção Brasileira de Futsal, pediu para treinadores e gestores pararem de replicar o esporte de adulto para as crianças.
“Com as crianças o momento é de fortalecermos e de criarmos um repertório de habilidades de vida”, ponderou Xavier, acrescentando que no caso de profissionais o desafio é provocar no atleta a necessidade de dar um passo adiante, de ir além.
Para Xavier, um treinador de sucesso precisa vender uma boa ideia e criar um bom ambiente de trabalho.
“É difícil encontrar alguém do futebol que se permita estar em um espaço como este, eles não têm tempo e não querem compartilhar. Mas quando a gente anda só no nosso ambiente, é normal que só escute as mesmas coisas. Nosso papel como treinador é criar um ambiente em que todos possam participar do processo”, observou o técnico, que destacou a perseverança. “Faz a diferença na vida de qualquer profissional”.